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A China, nação que mais polui e que mais consome matéria-prima, tem índice de desmatamento zero. |
Tanto a China como a Índia têm programas para
reflorestar e “reverdejar” áreas que foram destruídas pela remoção da mata
nativa, embora o da China seja muito maior. A Grande Muralha Verde da
China tem como objetivo deter o avanço dos desertos por meio do plantio de uma
assombrosa quantidade de árvores.
Na Província de Shaanxi, o programa converteu
571 mil hectares de terras agrícolas e 427 mil hectares de terras improdutivas
em florestas ou gramados entre 1999 e 2002, de acordo com estudo. Outros
280 mil hectares de terras agrícolas e a mesma extensão em terras não
cultivadas foram reflorestados em 2003. O Banco Mundial chamou atenção
para o programa, dizendo que a China é um dos poucos países da Terra que está
ampliando sua cobertura florestal.
Ao criar a maior floresta formada pelo homem no
mundo, a China diz que já teve êxito em cobrir 20% do país com florestas.
Seu objetivo é ter 42% até 2050. Parece até que a maior arma da China – e
a menos reconhecida internacionalmente – contra a mudança climática é o plantio
de árvores.
Os cidadãos de modo geral plantaram cerca de 56
bilhões de árvores por toda a China na última década, de acordo com
estatísticas governamentais citadas pelo jornal “The Guardian”. Somente
em 2009, a China plantou 5,88 milhões de hectares de floresta. A China
planta duas vezes e meia mais árvores a cada ano do que o restante do mundo
inteiro somado, é “o maior programa de plantio de árvores já visto no mundo”.
Apesar do êxito, críticos questionam a Grande
Muralha Verde porque possui também desvantagens ambientais, tais como sua pobre
biodiversidade e o intensivo uso de água. Alguns estudos chegam a mostrar
que a criação de novas florestas não é um modo eficaz de absorver carbono ou
mitigar mudanças climáticas.
Embora grandes projetos nacionais como o da
Grande Muralha Verde funcionem também como ferramentas de propaganda para o
governo chinês, os resultados diferem em nível local, como explica um artigo
publicado sobre reflorestamento no sudoeste da China. O programa se deparou com
problemas entre os camponeses que se rebelam quando as novas árvores não
produzem renda na mesma proporção das lavouras perdidas e, em alguns lugares, o
plantio simplesmente não decola por causa de projetos ruins de reflorestamento
ou outras questões. Apesar disso, no geral, a iniciativa é um exemplo
impressionante do que um governo pode fazer desde que esteja motivado.
O Kubuqi é o sétimo maior deserto da China e
está localizado na Região da Mongólia Interior. Nas últimas três décadas, um
quarto dele já foi reflorestado.
Investindo em reflorestamento, os chineses agem
de forma pragmática. Pagar fazendeiros = mais árvores. Mais árvores = mais água
no rio. Mais água = mais energia elétrica barata (ainda mais no país que
inaugura duas usinas a carvão por semana para dar conta de crescer como
cresce). Mais energia barata, mais produção para a economia – e dinheiro para
pagar os reflorestadores.
O final dessa equação é surreal para os padrões
brasileiros. A China, nação que mais polui e que mais consome matéria-prima,
tem índice de desmatamento zero. Abaixo de zero, até: eles plantam mais árvores
do que derrubam.
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